30 agosto 2004

Zé Pedro



Sempre me lembro do Zé Pedro na minha vida. A nossa amizade construiu-se muito cedo.
Andávamos no mesmo liceu, tínhamos a mesma idade, tínhamos muitos gostos em comum e ambos éramos filhos únicos.
Vivemos todos os excessos juntos, mas com dezoito ou dezanove anos nada era demais.
Um dia demos por nós a olhar um para o outro e a tentar aprender a viver, sem mãe. As nossas mães morreram ambas do mesmo e com poucos meses de diferença .
Éramos uns putos perdidos sem saber o que fazer o que nos levava a fugir para a frente, sempre.
Muito devagar eu fui reagindo, demorei mais de um ano a conseguir conversar outra vez, não foi fácil ultrapassar a fase do grunhido em que nada importa. O Zé Pedro nunca mais conseguiu conversar.
O excesso de drogas e muito em particular o LSD foi invertendo tudo na sua cabeça. Após várias tentativas de deixar o consumo de droga aceitou que iria ser assim para o resto da sua vida. Sem dramas e sem histórias.
Costumávamos ficar calados durante eternidades a olhar para uma chávena de café e a trocar olhares cúmplices. Só queríamos esvaziar o tempo da dor que nos feria, Não era importante falar. Por fim um de nós dizia, gostei de estar contigo Zé ao que o outro respondia, e eu contigo Zé.
A última vez que o vi foi na Zambujeira do Mar, onde vive numa pequenina casa há mais de vinte anos. Vive só. Vai recolhendo uns trocos com uns recados que faz e com o que os amigos da terra lhe vão dando.
O seu alívio agora é o vinho tinto, basta um copo que o corpo já não aguenta mais.
Estivemos sentados no paredão a olhar o mar, calados como sempre. O tempo a correr muito depressa como o nosso pensamento. Calados, a trocar olhares cúmplices até que dissemos ao mesmo tempo:
-Gostei de estar contigo Zé, e ficámos os dois com um sorriso pateta nos lábios.

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VERGONHA



Entre resolver o problema da entrada no porto da Figueira da Foz do barco das Women on Waves, ou decidir os extras que devem equipar os novos AUDI A8 a maioria PSD do governo achou por bem concentrar os seus esforços na leitura dos catálogos do belo automóvel.
A decisão ficou entregue aos parceiros do CDS-PP, que esfregaram as mãos de contentes. E assim temos o país a ser dirigido por um partido minoritário de direita.
É difícil aceitar a passividade do presidente da república que com a sua actuação deixou o país a ser governado, ou desgovernado, pela direita e pela sua hipócrisia.

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26 agosto 2004

Redondo


(pesquisa de foto feita no Google)

A alteração da hora de fecho do SAP do Redondo fez-me questionar um montão de coisas, algumas delas bem disparatadas.
Perguntas:
1º- O que é um SAP?
2º- Qual a sua finalidade?
3º- Quem lá trabalha?
4º- O SAP é uma empresa privada?
5º- Onde estudaram os profissionais de saúde que lá trabalham?
6º- Então porque é que a população se queixa?
7º- Quais as razões para quererem fechar o serviço?
8º- Porque é que a GNR está presente todas as noites à porta do SAP?
9º-No meio desta confusão de interesses pode ser retirada alguma conclusão?
10º-O que é o Estado?

Algumas respostas:
1º- Serviço de Atendimento Permanente;
2º- Dar atendimento clínico à população;
3º- Além dos administrativos os técnicos de saúde, médicos e enfermeiros;
4º- Não, o SAP é do Estado;
5º- Estudaram em Faculdades públicas, suportadas pelo orçamento do Estado;
6º- A população queixa-se por quererem antecipar o fecho de um serviço público, o SAP;
7º- Não se sabe. Ninguém quer explicar de uma forma clara, talvez os técnicos de saúde queiram facturar um pouco mais fora das horas de serviço;
8º- Para protegerem os colegas, como o patrão é o mesmo as despesas ficam em casa;
9º- É difícil. Se temos por um lado médicos e enfermeiros que estudaram à custa do dinheiro público e que continuam a ser pagos pelo mesmo patrão, o Estado, por outro temos a população do Redondo.
A população do Redondo paga os seus impostos, contribui para os cofres do Estado e espera que ele, o Estado, administre o seu dinheiro. Já não pede que o administre muito bem, ou mesmo que o administre bem, só pede que o administre de forma a colmatar as necessidades da população.
10º- Não sei. A população do Redondo não é de certeza.

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Cristais




Solidão em forma de cristais
de sal.

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24 agosto 2004

Adoro Alcochete

Foto tirada hoje, a um aviso colocado num edifício situado a dez metros da porta principal da Câmara Municipal de Alcochete.
O que é que está mal?



Há pelo menos mais uma coisa que está mal, a obra está praticamente concluída.


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23 agosto 2004

WOMEN ON WAVES



A partir de 29 de Agosto o número de telefone +351 91 4477770 está ao dispor das portuguesas, é só saber em que porto vai atracar o barco Aurora.
Esta visita humanitária das Women on Waves serve também para relembrar que somos dos poucos países da Europa em que a interrupção voluntária da gravidez não é legal.
A sua estadia em Portugal não tem como único fim a prática de interrupção voluntária de gravidez mas tambem o esclarecimento e denúncia da hipocrisia dominante.
Que sirva também para acordar consciências.

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Objectivos



É uma delícia ver e ouvir os nossos atletas comentarem as suas participações nos jogos olímpicos de Atenas.
Desde a equipa de futebol que não podia ter tido pior prestação aos nadadores ou corredores, todos conseguiram atingir os objectivos.
Mas quais eram os objectivos dos nossos atletas?
O nadador que ficou em penúltimo garantiu ter conseguido atingir os objectivos. O objectivo devia ser não morrer afogado.
A equipa de futebol foi prejudicada pelos árbitros além de que não deixou má imagem. Claro que não, quem viu os jogos sabe que mais que jogar futebol praticaram outro qualquer desporto tipo luta livre.
O velejador que ficou sem vento, os outros tiveram uma ventoinha a soprar as velas, tambem cumpriu o objectivo. Será que o objectivo era ir até Atenas dar uma curva?
O corredor de 3000 metros depois de ter ficado classificado em nem sei que lugar, vem dizer e depois desdizer que treinava com sapatilhas rotas e que teve de pagar a sua viagem. Mas que também cumpriu os objectivos. Quais eram os objectivos?
Fico feliz por sentir que continuamos a conseguir atingir todos os nossos objectivos.
Não é para todos.

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19 agosto 2004

CANNABIS



Levanto a minha voz contra a PAC. Não se protegem os pequenos produtores.
Estou contigo pequeno agricultor de Santarém, os 41 pés de cannabis sempre eram uma pequena ajuda para a nossa balança de pagamentos, assim não entenderam os agentes da brigada anti-crime da PSP de Santarém ocupados que estão com a preservação da moral e dos bons costumes.
Não damos condições aos nossos produtores e depois temos de importar.

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18 agosto 2004

Dias felizes

Há dias assim e logo hoje que estou de volta de umas merecidas férias.
Eu tambem quero ser feliz, livre e alegre, poder fazer tudo o que me der na real gana.
Porque só as mulheres podem usufruir de algo que lhes traz tanta felicidade?



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